quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dançar é escrever com o Corpo



Por Clevane Pessoa de Araújo Lopes


"Dançar é escrever com o corpo no espaço estendido à frente, alongar-se, encolher-se, rodopiar, inclinar-se. Jogar-se em absoluta confiança no outro que a(m)para, depois de centenas de
ensaios...
Dançar é tocar música com gestos, com os pés, absolutamente sem voz, na arrasadora
maioria das vezes.
Dançar é interpretar com meneios e oscilações impressionantes ao nosso olhar supreso, pois temos os pés no chão, as nuances da mensagem, do enredo, da palavra em das formas desenhadas no espaço...
O corpo é o instrumento dos dançarinos: suas mãos-libélulas, suas mãos- borboletas, suas mãos-colibris escrevem versos no ar... Seus pés com centenas de micro-fraturas, seguem intinerários que a cada instante recomeçam e recomeçam, e se repetem... A coluna é de borracha, de látex, de seda... Curva-se, ancaixa-se, projeta-se. E como dói, mas que importa, se é o centro do soma?... O rosto parece cheio de luz e não revela os sofrimentos nem os cansaços... Há um sol em cada um dos olhos, às vezes, um luar de ouro, pois sempre brilham de prazer, no vício sagrado impossível de desfazer.
Já vi balerinos em cadeiras de rodas, cada célula a vibrar, como se fosse um palco particular. Já os vi com próteses de celulóide, em pleno vôo... Já vi os que não mais podem bailar, tornarem-se mestres, para que os outros possam dançar por eles...
Que magnífica mensagem vemos nas sapatilhas esfarrapadas e disformes, que foram um dia de superfície lisa e brilhante, cetim e forma...
Quantos já dançaram com pés sangrando, joelhos inchados, microfraturas? Quantos choravam lutos e perdas enquanto sorriam? O dançarino é feito de retalhos dos deuses, lançados pela Terra, para que não possam ser esquecidos em sua divindade...
O dançarino tem um pouco de ave e de borboleta ou libélula, ou pluma, ou floco de algodão, ou pétala, ou poalha, a dançar na luz..."



Foto: Bailarina Darcey Bussell

terça-feira, 27 de maio de 2008

Frutas exóticas

Meu pai tem mania de frutas exóticas. Hoje ele chegou em casa dizendo que tinha comprado caramelo, que todo mundo só conhecia o doce... mas pera aí... caramelo é feito de açúcar. Pai, você quis dizer marmelo né? Aquele que a gente faz marmelada? Depois de alguns minutos teimando comigo que ele estava certo eu fui até a embalagem e li: marmelo!! Bem, depois de confirmar que o vasto conhecimento dele com frutas exóticas dessa vez falhou eu ainda interroguei: alguém come isso? Isso só serve pra fazer doce!! Mais uma vez teimando comigo ele partiu um pedaço e comeu... só um pedaço mesmo, porque a fruta é dura e ruim... eu avisei... alguém aí já comeu marmelo????

domingo, 25 de maio de 2008

Definindo: linha editorial

Tudo bem que desde o início do blog eu não consegui definir uma linha editorial para os textos aqui postados. Seria uma coisa meio cotidiana, meio pseudo-cômica, meio dia-a-dia, meio "eu" sabe? Bom, se não sabe, eu te dou razão, afinal o que tem aparecido aqui (quando aparece algo né) são textos de uma linha editorial que eu chamaria de "emo", um drama-poetico-romântico de uma autora que não tem vocação pra coisa, mas instiste em escrever (ahh, sei lá, eu acho). A questão é, apesar de eu amar estrelas, usar franja e ser chorona, eu não sou emo. Nada contra os emos, até porque vai que um está lendo esse texto, eu tenho que garantir minha meia dúzia de leitores (tá, eu acho que não chega a meia dúzia), mas enfim, nada contra, ok? O que eu quero dizer é, quem não aguentava mais ler os textos dramáticos que haviam aqui pode se alegrar, a linha editorial não definida voltou, aliás com uma definição: tudo, menos textos emotivos.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

E pra que serve a arte senão emocionar o público?? Rir com um teatro cômico, chorar com um ballet romântico, refletir com um bom filme... Se a mensagem vai ser transmitida através de movimentos, de desenhos, de letras, de sons, não importa. O importante é alcançar o objetivo, é chegar ao final, no coração das pessoas.