Um dia ela resolveu ir embora, deixar o circo pra trás e tudo aquilo que o picadeiro significava pra ela. Ela foi, começou outra vida, nova casa, novos amigos, novos lugares pra ir, novas tarefas a cumprir, nada parecido com a vida de antes. Mas em uma manhã ela leu um cartaz: "precisa-se de bailarina". Era um circo que chegara na nova cidade. Não!! Não era pra ser assim, não era pra ter circo aqui, era pra ela esquecer tudo isso. Foi... era só um dia ou outro, um salto aqui, outra pirueta ali. Nada muito comprometedor, era só uma maneira de ganhar dinheiro, mas ela não ia voltar de vez pro circo!! Mas pelos caminhos em que andava, pros muros que olhava, eram só cartazes, circos e mais circos precisavam de bailarinas. Ela não tinha como fugir, o destino a colocou de volta exatamente naquele lugar que ela abandonou por medo. E a paixão falou mais alto, ela sabia que a vida dela precisava de luz, de maquiagem, de platéia, de picadeiro, de aplausos, de lona. Quando ela vê onde está sabe que não pode fugir novamente, sabe que se o fizer será infeliz, que algo dentro dela sempre precisará da loucura, da magia. Quando as luzes se apagam, quando o público já se foi e a maquiagem dos palhaços já está tão borrada que não se vê mais sorrisos, ela chora, se sente só e chora. A mágica do circo é feita de truques, é irreal, o sorriso dos palhaços é pintura, e a bailarina de verdade queria ser de corda, pois assim se desligava nos momentos de solidão. A mágica dela é feita com o corpo, o sorriso dela sai do coração. A bailarina de verdade sofre num mundo de ilusão, mas ela sabe que quando as luzes acenderem e a música tocar o sonho vai recomeçar e é sempre como se jamais dissesse adeus.
sábado, 1 de dezembro de 2007
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