"Tarefinha do lar" como diz a minha professora de português. Não, eu não estou na 5ª série, ela dá aulas para o 3º ano do curso de Jornalismo. Enfim, uma crônica pedida por ela, na qual devíamos repetir uma palavra que empregasse sentidos diferentes e ter como história algo cotidiano. Saiu:
Cantos
Morava lá praqueles cantos. Onde não tinha relógio em canto algum, não precisava. As horas se sabia pelo céu e o despertar, pelo canto dos galos. Um encanto de lugar, o canto do cisne¹ de Deus.
Depois de levantar, ia direto pro banheiro, o canto da água na garganta: gargarejo. Sentava-se no canto da mesa, como em todas as manhãs. O café na fazenda era farto, comida pra todo canto, a família toda se reunia lá antes de começar o dia. Os filhos se encaravam com o canto dos olhos: mau-humor matinal. Não podiam se atrasar, as 7 em ponto começava o canto da pátria e hoje era o dia da irmã astear a bandeira. O irmão não queria ir à escola: vou pra qualquer canto, menos pra lá! E tratou de lançar o canto da sereia² na mãe.
Confusão pra todo canto, era assim todas as manhãs. Ele colocou o cigarro de palha no canto da boca, deu um beijo na mulher e foi trabalhar.
1- Última obra de um artista.
2- Falar de maneira a querer convencer.
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